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Ah, Orfeu…
Que sina a tua: herdar do velho Serrano — o rabequeiro do sol — a missão de fazer o sol nascer com cordas e sentimentos.
Teu esquina nasceu do pranto. Herdaste a luz, mas caminhas sob sombra. Perdeu o pai ao romper do dia… e antes disso, Aurora, o paixão que iluminava tua espírito e virou retirante nessa terreno vil.
Agora vive entre dois mundos: o da memorial que pesa e o do porvir que espera.
Será que Orfeu tocará para fazer o dia nascer mais uma vez? Ou calarás tua rabeca, permitindo que a noite se alongue e São João do Sol mergulhe na negrume que já te habita?
Há em ti o poder de reiniciar… mas também o pavor de perder de novo.
Existe um Orfeu em cada um de nós. O pavor, a sombra e dor que nos tomam e nos cegam. Mas é na luz, que há dentro de cada um, ou na luz que vem de fora, em cada rosicler, que nos reconhecemos de verdade.
O mundo espera teu som, Orfeu. Mas é de dentro que precisa nascer a aurora de um novo dia.
Figurino: @ire_rochas
Ator: @alessandromesquitas