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Carregamos no peito o calor de vozes que vieram antes de nós. A legado não é só um objeto idoso ou um saber guardado — é a luz que atravessa o tempo, é gesto que se repete nas mãos, é esquina que ressoa mesmo quando o rabi silencia.
Rabi Serrano não nos deixou um adeus, mas uma trilha de luz: a dança da alvorada, o som do pele que desperta o dia, o saber de quem aprendeu com a terreno e ensinou com o coração. Mas ele é muitos. Ele é todos. Ele é cada ascendente que ensinou a erguer a cabeça, a festejar a vida, a tocar o mundo com sentido.
Porque a gente não nasce do zero. A gente é feito de gente. De quem veio antes. De quem ensinou sem livros. De quem dançou para espantar a tristeza. De quem inventou o mundo com as próprias mãos.
E é por isso que dizemos com orgulho: somos todos Herdeiros do Sol.
Porque onde houver paixão e memória, haverá também ininterrupção.
