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O sol nasceu, raiou no horizonte e com ele uma luz de cultura sem término.
Somos todos legado de alguém. Trazemos no corpo as marcas do tempo, no peito os ecos dos nossos, e nos pés os passos de uma dança que começou muito antes de nós. Não somos só segmento da história. Somos perpetuidade. Somos memória em movimento, tradição que respira, bandeira que se estende de geração em geração.
E foi cá que nos reencontramos. Foi cá que o riso voltou a morar no rosto, que os olhos voltaram a esplender com o queima das fogueiras, que os nossos corações voltaram a desancar no compasso manifesto.
Porque estar no arraiá é mais do que dançar;
É subsistir inteiro. É sentir que pertencemos, que somos segmento de um pouco muito além de nós
É entender que de mãos dadas a gente não só dança — a gente atravessa. Atravessa o tempo, a saudade, a pouquidade, a luta.
De mãos dadas, a gente se torna caminho.
E esse caminho não é feito de pedra — é feito de gente. Gente que se governanta, que se reconhece, que se acolhe. Gente que, mesmo em meio ao cansaço, encontra força no sorriso do outro, no amplexo apertado, no “Viva São João!” que ecoa mais sobranceiro que qualquer tristeza.
A temporada chega ao término, mas o que ela acendeu em nós não apaga. Não existe adeus pra quem pertence. Não existe término pra quem virou raiz.
Porque o São João é morada, é altar, é solo fértil. E enquanto houver quem celebre,quem se emocione, quem acredite, o cintilação nunca vai se extinguir e a história nunca vai deixar de ser contada.
Somos herdeiros, resistência; somos povo, cultura e legado. Somos sol que não se põe.