Moleka 100 Vergonha – PB – (É de tirar o chapéu).

A junina apresenta um espetáculo enfatizando o chapéu, todas as suas nuances e forma com que ele é utilizado por diversas camadas da sociedade.

O teatro inicial norteia todo o espetáculo, direciona o matrimónio, é todo narrado, didático e de fácil compreensão.

A ingressão no arraial está interligada a ingressão do marcador, que interpreta o Santos Dumont, voando numa réplica do 14 bis.

No entanto fica o questionamento da relação do chapéu dele com o espetáculo e o São João, visto que o uso do estava ligado aos costumes da Belle Époque.

A junina começa a dançar e de indumentária é para se tirar o chapéu, uma pujança descomunal, aguerrida, potente, se desloca o tempo inteiro, muitos desenhos, muita evolução, fica pouco no quadro e já segmento para novas evoluções. Sempre incrível.

Logo surge uma enorme Estátua da Liberdade, anunciando Lampião e Maria Formosa, em menção ao desfile da estilista Zuzu Angel em Novidade Iorque, porém, não há nenhuma referência ao estilo das roupas do desfile no figurino do parelha.

Paladar muito da Rainha, é um dos momentos mais muito amarrados do espetáculo, a música, as falas, a representatividade e forma com que a junina colocou o solo, sem “obrigar” a rainha a fazer uma sequência longa de giros. Pontual.

Justíssimo trazer Luiz Gonzaga por espetáculo, mas, a exiguidade de Marinês que foi unicamente citada pelo marcador, fez diferença.

O matrimónio é magnífico, e os noivos são ótimos. O nubente é fora da curva, exímio dançarino, feliz e sorridente todo o espetáculo. A referência ao Raimundo Jacó é ótima e é uma dos momentos ápices do espetáculo, todos os cavalheiro de vaqueiros.

A junina sempre encerra o espetáculo de forma muito potente. Vejo de forma desnecessária a presença de mais um enorme enfeite, um grande chapéu ao termo do espetáculo, seria muito mais impactante e poético a junina tirar o seu chapéu para o público.

É um espetáculo grandioso, assim uma vez que a Moleka, peca pelo excesso de adereços e pela temática ter muitos pontos soltos a exemplo do personagem do marcador, que não tem um desfecho.

Por termo, é a Moleka, que dança, muito, que treme um tablado e tem uma história de tirar o chapéu.



criado por jurado junino

15 thoughts on “Moleka 100 Vergonha – PB – (É de tirar o chapéu). A junina apresenta um espetác…

  1. Peço licença, para primeiramente agradecer por sua precisão ímpar em descrever com tanta propriedade aquilo que muitos queria expor mas não o fazem! Um elogio sincero! Votos de sucesso! Entender que as pessoas que estão ali naquele “destaque “ tem uma história , merecimento e razão de está ali! De que também tudo passa! Vc @juradojunino tem uma essência que poucos tem! Além d extrair o melhor do movimento junino se atém ao que verdadeiramente devemos exaltar : a Cultura Nordestina! São João é coisa Nossa!

  2. Belas palavras. Nossa Moleka como sempre trazendo grandes temas. Abordando o melhor que existe neles. ❤️ Obrigado pelo elogio ao noivo, Jacó agradece e continua dando o seu melhor dentro e fora dos arraiais. Eu amo essa cultura, amo o São João e sou suspeito a falar pelo amor que tenho pela Junina Moleka. Minha segunda casa, lugar onde aprendi o que é ser quadrilheiro, amar a cultura em todos os seus níveis e aspectos. ❤️ Viva o São João ❤️ vocês ainda irão ver muito amor de Jacó por esse movimento.

  3. Como estás ansiosa por sua análise, tendo em vista que é uma das mais importantes do nordeste! Obrigada pelas palavras sempre cirúrgico! Ahhhh meu Jacó é fora da curva mesmo! Que bom que gostou 🤍 a moleka tira o chapéu pra você @juradojunino 👏🏻

  4. Podendo me atrever, afinal fui uma das pessoas que traçou o roteiro ( musicalização, contexto, história e enredo…) , Tivemos muitos momentos na contrução dessa temática: seríamos óbvios e pontuais?! Ficaríamos no nordeste? Abriríamos o leque para o Brasil?! Quando se escolhe um tema ” construtivo ” corre -se risco , e a Moleka assumiu esse risco. Queriamos impactar : por isso fizemos um avião e colocamos Santos Dumont nele. Queríamos falar sobre a estética do cangaço e Zuzu caiu como uma luva nisso ( mas não queríamos descaracteriza o lampião, não dá forma que ele é contextualizado na nossa literatura: roupa azul para festas e comemoração) NÃO ERA UM LAMPIÃO A LÁ ZUZU ANGEL, era um LAMPIÃO A LÁ VIRGULINO FERREIRA! Marinês, Jackson… LUIZ. GRANDES NOMES, CITADOS E DEVIDAMENTE HOMENAGEADOS, da forma que achamos mais interessante e ” menos teatral” ( Marinês, assim como Luiz usa um chapéu alusivo ao cangaço,.por este motivo o bloco, se segue logo após a apresentação do nosso casal de Lampião e Maria bonita).

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